16/11/10

... para mim

Conheço-te há pouco tempo. Tempo. Tempo, a palavra que quantifica a quantidade de tempo, na escala da vida humana. Nove meses não são tempo nenhum. Mas foste tu, aquele que estiveste mais perto de me conhecer.
Durante anos anulei-me. Deixei de existir! Tudo em prol de um sentimento doentio, alimentado por um menino pequenino de trinta e muitos anos. E só agora é que também me apercebo disso. Mas isso já não interessa, pelo menos a história. Interessa sim, o que aconteceu comigo, naquilo em que me transformei e o meu agora. O meu agora, é a parte que realmente importa.
Meu amor, foi preciso tu vires e ires para me aperceber de tanta coisa…. tenho tanta coisa para te dizer ainda… mas não neste momento. Hoje não.
Ontem saí mais cedo do trabalho. Fui a uma loja. Lá há de tudo. Meias, ligas, coisas para o cabelo, maquilhagem, tudo! Andava por ali a ver, quando encontro uma mulher a tentar meter uma liga na cabeça! Apesar do quão hilariante era a situação, delicadamente expliquei-lhe que se tratava de uma liga, ao fundo da loja sim, encontraria fitas para o cabelo.
Era uma mulher bonita. Estaria entre os 35 e 40 anos. Tinha uns olhos verdes bem rasgados e o cabelo pintado de louro. Não olhei de imediato para o corpo, ainda sinto pudor em fazê-lo.
Os “pré-conceitos” que durante o nosso crescimento herdamos dos nossos pais, avós, catequistas e até mesmo chefes de escuteiros, parece que se entranham no núcleo das nossas células. A nossa estrutura enquanto indivíduos, cresce por entre aquelas reverberações… até que um dia tomas consciência desses ecos… ou não. Quando te apercebes disso, tentas-te soltar, mas devagar, muito devagar, pois corres igualmente o risco de também deixar de seres tu.
Houve uma empatia instantânea. Acompanhei-a até às fitas de cabelo. Enquanto ela escolhia, fingia-me entretida com uma ou outra coisa que ali estava. Ao mesmo tempo que se movia, soltava um aroma tão bom, um perfume tão sensual, que não me apetecia sair dali.
Preciso de comprar um perfume. Mas não um perfume qualquer. Um perfume que consiga reflectir toda a minha sensualidade – sim, porque eusou uma mulher sensual! Ajudas-me a encontrar?
Os cabelos eram longos e lisos. Tinham um gancho com brilhantes a prender uma antiga franja, que agora crescia. Umas argolas enormes saíam das suas orelhas. A fita não passava. Acabara por tirar tudo e finalmente colocar a fita. Era uma fita bonita, de renda, ficava-lhe tão bem…
Não resisti e comentei: “fica-lhe linda! Mas também, com uns olhos desses, o que é que não ficará bem?”. Ela olhou para mim, sorriu e agradeceu. O sorriso permaneceu-lhe no rosto por alguns instantes, até que de repente desaparecera por completo. “E as rugas? Já viu? Estou cheia delas!”.
“Ainda bem”, respondi-lhe. “É a prova física de que a sua vida não tem sido um vazio. Sorriu muito, chorou muito, viveu! É isso que elas me contam, pelo menos a mim.” Ficara parada por instantes a olhar para mim. Queria dizer-me alguma coisa, mas não conseguiu.
Enchi-me de coragem e olhei para o corpo dela. Para a pele.
Tu desde que me conheceste que sentiste este meu devaneio. Ainda me pergunto, como! Se eu mesma o fechava dentro de um baú do qual nem eu tinha a chave!! Sabes tanto de mim… e eu sei tão pouco de ti.
Sempre tive esse vontade, mas nunca tive essa coragem!
A pele. A pele é a coisa que mais me assusta! Marco aqui um encontro no sexyin e depois a pele?...
O toque, o cheiro, tudo passa pela pele. Sempre gostei de te lamber… desde o dia em que te conheci que sentia um desejo louco de percorrer todo o teu corpo com a minha língua…. É tão boa a tua pele. É ela que me desperta. É ela que me dá tesão. E está cá em casa o cheiro dela, pelo menos por enquanto…
Ela tinha uma pele linda. Com marcas da idade – e eu gosto disso. Um dia perguntei-te se gostarias de mim velhinha. Respondeste-me que me preferias novinha, mas que possivelmente sim, também gostarias.
As mamas ficam caídas, o corpo ganha outra figura – mas é tão bonito na mesma, não é?
Às vezes sentia-me mal contigo. No fundo não era contigo, era comigo mesma. O meu corpo está diferente de há oito anos atrás. Eu gosto muito dele. E tu? Gostas? Mesmo? Tive tanta dificuldade em acreditar no teu amor… Nunca me tinha apercebido da dimensão do mal que me fizeram…
O decote era discreto. Mas dava para notar a sua forma. Não eram grandes nem pequenas, eram médias. Eu estava a deliciar-me com o corpo dela. Tinha perdido todo e qualquer medo de o fazer. Sentia-me tão excitada – tal como agora me sinto, enquanto escrevo isto! Apetecia-me tanto tocar-lhe... Imaginava-me a desapertar-lhe a blusa, a passar o dedo por cima do soutien… imaginando apenas como seriam os seus bicos…
Mesmo ao lado havia luvas. Luvas todas de renda. Vou comprar umas. Quando tiver dinheiro vou comprar umas luvas e uns sapatos vermelhos.
As luvas eram compridas e de dedos cortados. Por elas acima, trepava uma fita de seda preta que acaba com um laço.
Sem hesitar, ela pega numas e diz: “Importa-se de experimentar? Teria que tirar todos os acessórios que trago para o fazer.” “Claro que não”, respondi prontamente.
Subi a manga do casaquito que trazia vestido e calcei a luva. Fi-lo devagar, enquanto me deliciava com o olhar dela, pousado sobre a minha pele. E permanecemos as duas ali, sem balbuciar uma palavra sequer, apenas saboreando a magia do momento.
Ela ergue o olhar e ainda sem me tocar diz “ficam fantásticas, vou levá-las”.
Por momentos pensei que tudo tinha terminado naquele instante. Não queria!!
As mãos dela eram delicadas. Finas e pequenas. De um momento para o outro, compõe-me a luva. Acaricia-me a parte interior do braço dizendo “a renda é linda”. Os nossos olhares perderam-se por instantes… ela estava tão louca quanto eu. Apetecia-me despi-la. Percorrê-la toda. Lambê-la, sentir o cheiro dela. Descobrir como gemia, como se contorcia. Apetecia-me sentir o sabor da sua transpiração. Apetecia-me ganir em uníssono com ela… tal como agora ainda me apetece…
Acabara por se dirigir à caixa de pagamento e ir embora.
Eu… eu fiquei ali, um pouco à toa. Tinha sido tão bom, queria tanto ter conseguido fazer alguma coisa. Queria tanto ter-lhe tocado, queria tanto tê-la sentido. E queria-te tanto ali connosco…
Preparava-me para sair da loja, quando de repente ela volta. Dirige-se à menina da caixa e diz-lhe, que a saca com as coisas que ali acabara de comprar, tinha tocado ao entrar na loja ao lado. A menina explica-lhe que isso não poderia ter acontecido. Os artigos da loja não estavam munidos de alarme. Qualquer outra coisa o teria disparado, mas não aquele saco. Ela insiste. A menina volta a explicar. E ela volta a insistir! Até que se vira para mim e diz “quer vir comigo, para ver que é verdade?”
Eu apenas disse, “claro”. E fomos……

2 comentários:

  1. Olá, obrigado pelo comentário que deixaste no nosso blog...

    Realmente 2 anos é muito tempo, e pelo nome não estamos a ver quem és...

    Se quiseres adiciona-nos no msn talvez poderemos falar.

    Entretanto deixamos-te aqui o desejo de boa sorte e de força na tua procura de ti própria.

    Iremos acompanhar o blog.

    Abreijos
    José e Maria

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  2. Ola Twix...

    Desculpe a demora e em relação as suas perguntas, o concurso pareceu-nos boa ideia mas no fim do tempo verificou-se um fracasso...
    Não tivemos uma única candidatura feminina, mesmo escrevendo uma pequena mentirinha dizendo que já tinha-mos uma candidatura para tentar desinibir um pouco as Meninas...
    Tivemos sim, quatro ou cinco convites de casais e meninos (que não deviam saber ler)...

    Se mesmo assim tiver vontade de copiar a ideia nós damos-lhe toda a força e quem sabe também uma candidatura....

    Beijos e abraços
    Ele e Ela

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